Marte ataca!

Entra ano sai ano, a mesma histeria toma conta da Internet. Nestes dias pensamos que alguém deve gostar de tolos, pois o mundo esta cheio deles. A estapafúrdia mente de algumas pessoas foi alavancada com o advento da Internet. A mesma Internet que poderia formar e disseminar o conhecimento é a mesma que prolifera a bisonhice. Assim em todo mês de agosto proliferam emails a respeito do Planeta Marte.

Todo ano alguém envia um email afirmando que  Marte Chegará a uma magnitude tal que aparecerá tão grande como a Lua cheia a olho nu. Alguns emails chegam a citar um Planetário de Vancouver que calculou a magnitude e que o evento ocorrerá novamente daqui a 70 mil anos.

De todas as barbaridades a melhor foi a do Jornal do Brasil. A noticia veiculada em 2009 é.  (caderno A, página 4 da edição de 14 de junho de 2009 conhecida nos meios astronômicos como a “maior barriga jornalista” sobre  Astronomia. Para quem não sabe barriga, no jornalismo, é quando um veículo tem a intenção de dar uma notícia em primeira mão, mas acaba divulgando uma informação falsa.
Pois bem no dia 14/06 de 2009 (Edição de Domingo) na coluna Informe JB o Jornalista Leandro Mazzini, escreveu a seguinte nota:

"O Planetário Internacional de Vancouver calculou que no dia 27 de agosto a partir da 0h30, a aparição de duas luas. Trata-se da Lua própria, e de Marte que orbitará muito próximo da Terra como nunca antes."
Noticia publicada no Jornal do Brasil em 2009, considera nos meios astronômicos como a maior "barriga" dos últimos tempos.

Assim perpetuando a pulha eletrônica esta noticia tem sido recorrente todo o ano desde 2003. Para que você compreenda o episódio devemos retornar ao ano de 2003 quando o planeta Marte este mais próximo da Terra. O período mais propício para observação de marte é quando o planeta esta em oposição ao Sol. 

Nesta época o planeta nasce logo após o crepúsculo, passa pelo zênite (o ponto superior na esfera celeste) e se põe ao amanhecer. Porém em algumas oposições a distância da Terra a Marte podem ser menores. Devemos lembrar que as órbitas dos planetas são elípticas e nem sempre estas distâncias coincidem. Nas oposições que o planeta Marte esta mais próxima a Terra estas são conhecidas como periélicas.

Em algumas oposições periélias marte esta mais próxima. E justamente no ano de 2003 a máxima aproximação ocorreu no dia 27 de agosto e sua magnitude foi de -2,88 e uma distância de 55,7 milhões de quilômetros. (Magnitude é a escala logarítmica do brilho de um objeto utilizada na astronomia, quanto mais negativo for o numero maior o brilho, o limite do olho humano esta aproximadamente em 6). Para se ter referencia a estrela mais brilhante do céu é Sirius cuja magnitude é -1.
Comparação do tamanho da Lua e de Marte no Periélio de 2003.

Esta aproximação de marte foi um episódio único para observar marte a olho nu, pois facilmente poderia ser identificado como um pequeno ponto vermelho no céu. Mesmo com a observação telescópica, marte não apresenta tantos aspectos que chamem a atenção. Nesta época com telescópios de aberturas superiores a 150 mm, permitiram a observação da calota polar branca, devido a gelo.
Distância de marte a terra em oposições

Assim este ano para não fugir a regra esta se disseminando pela internet um e-mail sobre o "fenômeno das duas Luas cheias". Para ser o mais direto possível a noticia é totalmente falsa. A aproximação ocorreu em 2003, mesmo assim os astrônomos alertavam sobre o fenômeno e o alarde das duas luas que era totalmente falso. A próxima aproximação de mesma magnitude ocorrerá em 2287 quando marte estará a 55,688 milhões de km da Terra. Assim, mesmo em 2003 surgiu o boato absurdo que marte teria o brilho e o tamanho da Lua, o que seria impossível. Simplesmente uma hecatombe.

Estas informações ao contrário do que se imagina provocam um forte impacto nos meios astronômicos e as pessoas começam a desacreditar da ciência. O  exemplo veio do episódio do cometa Harley cujo alarde em 1986 provocou fortes decepções, e muitos duvidaram da sua real existência.
Assim entra ano e sai ano no mês de agosto sempre surge aquele email absurdo que reproduzimos abaixo:

MARQUE 27 DE AGOSTO NO SEU CALENDÁRIO MARTE APARECERÁ TÃO GRANDE COMO A LUA! PELA PRIMEIRA VEZ EM PELO MENOS 5.000 ANOS!
Nunca novamente na sua vida o planeta vermelho fará uma aparição tão espetacular!
Nesta semana e na próxima, a Terra estará alcançando Marte, um encontro que culminará na maior aproximação entre os dois planetas de que se tem conhecimento. A próxima vez que Marte provavelmente ficará assim perto da Terra será em 2287.
Devido a forma com que a gravidade de Júpiter influencia Marte e perturba a sua órbita, os astrônomos estão seguros que Marte não ficou tão perto da Terra nos últimos 5.000 anos mas este tempo pode ser de até 60.000 anos.
Em 27 de agosto, Marte se aproximará 34.649.589 milhas (55.763.108 quilômetros) da Terra e será (junto com a Lua) o mais brilhante objeto no céu à noite. Chegará a uma magnitude tal que aparecerá tão grande como a Lua cheia a olho nu e portanto facilmente localizado.
No começo de agosto, o planeta nascerá no leste às 22 horas e alcançará seu azimute aproximadamente às 3 horas. Mais para o final de agosto, onde os dois planetas estarão mais perto, Marte se levantará ao anoitecer e atingirá seu ponto mais alto no céu aos trinta minutos depois da meia-noite.
Valerá o esforço de ver um acontecimento que nenhum ser humano jamais viu em toda a história documentada. Então, anote no calendário no começo de agosto para ver Marte ficar progressivamente mais e mais brilhante durante o mês.

A conclusão é única, a mesma internet que sem sombra de dúvida é o maior repositório do conhecimento humano também é o berço da ignorância e obscuridade com o poder disseminatório. Cabe a nós "pobres mortais" buscar a separação e com a mesma prática disseminar o conhecimento.

Ficam assim as belas imagens do planeta vermelho.

Marte e toda a sua superfície



Imagem da superfície de Marte. Sonda Viking

Imagem da superfície de Marte. Sonda Viking



A visão do Orbitador de Reconhecimento Lunar.

Localização dos destinos das missões no programa Apollo

Fra Mauro é a região da Lua, onde a Apollo 14 pousou em 1971. Esta região da Lua possui uma  grande cratera  de oitenta quilômetros de diâmetro e recebe este nome em homenagem ao religioso e cartógrafo do século 15 e produziu mapas como do velho mundo e um detalhado mapa mundi ainda exposto em Veneza.
A região também possui uma cratera chamade de Cone, resultado de um impacto , e que mede cerca de trezentos metros além de conjuntos de crateras chamadas de tripleto.
Nas missões espaciais do programa Apollo todos os dados eram meticulosamente estudados e divulgados a época para a imprensa através do “Kit Press”. Assim as informações desde a decolagem até a localização do provável “Splashdown” eram divulgadas previamente.  Este último era o método de pouso da pequena cápsula que retornava a terra e com auxílio de paraquedas que caia em um ponto pré-determinado no oceano.

No “kit press” continham informações sobre o EVA (Extra Vehicular  Activity) e no caso da Apollo 14 foi divulgado o mapa da região de Fra Mauro e a EVA programada.
Mapa do planejamento da EVA (Extra Vehicular Activity) da missão Apollo 14. Cópia do Kit Press.

Até agora, nenhum telescópio foi poderoso o suficiente para observar com resolução  suficiente os equipamentos deixados a superfície da Lua pelas missões Apollo. Nem mesmo o todo poderoso Telescópio Espacial Hubble foi capaz de fazê-lo. 
Porém em junho de 2009 foi lançado pela  NASA o  Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO),  uma nave robótica que ao entrar em orbita baixa, cerca de 50 quilômetros, começou a enviar as imagens da superfície Lunar. O objetivo do projeto era fazer um reconhecimento completo de toda a superfície, com imagens de  resolução e que permitiriam fazer uma mapa 3D da Lua.
Sonda espacial LRO (Imagem artística) 

Mas o que chamou atenção, sendo o tema deste artigo, foram as imagens dos equipamentos deixados na Lua pelas missões Apollo. O LRO fez o mapeamento, e todas as missões Apollo foram identificadas , uma das fotos já foi publicada em textos anteriores, a qual faço referência ao LRV (Lunar Roving Vehicle). 

Como o tema é empolgante, logo que as imagens do LRO começaram a ser divulgadas, várias destas fotos foram utilizadas para análises das missões. Assim em 2009 fiz uma comparação que foi publicada no Cosmofórum  e que apresento neste texto.

Com a imagem de Fra Mauro, foram identificadas as principais crateras que se apresentam na superfície Lunar e as chamadas “Landmarks” da missão Apollo 14. Landmarks eram pontos de referencia no processo de Alunissagem.
Imagem capturada pela LRO da região da alunissagem da Apollo 14, mostrando ao final da linha amarela o módulo Lunar.

Com esta informação foi determinada a rota de pouso identificada na fotografia. Assim foi possível realizar um traçado da rota de alunissagem do módulo Lunar.
Na imagem abaixo você pode ver uma linha amarela que termina no restante do Módulo Lunar da Apollo 14 que foi deixado a superfície da Lua.
Assim ao compararmos o vídeo da alunissagem do módulo Lunar Antares da Apollo 14 com as fotos do LRO da região, podemos identificar as diversas crateras no curso da alunissagem.
Pontos de referência de identificação do pouso do módulo lunar Antares da Apollo 14.

A primeira foto apresenta o trajeto por uma linha amarela e linhas transversais indicando pontos de referência.
Os pontos 1, 2, 3 e 4 podem ser comparados com o vídeo abaixo, sendo o ponto 1 em 3:00 minutos, ponto  2 em 3:10 minutos, ponto 3 em 3:28 minutos e ponto 4 em 3:53 minutos.
Vídeo da alunissagem do módulo Antares. Apollo 14.

Para auxiliar a identificação, a imagem abaixo apresenta a imagem do LRO de 2009 e imagens capturadas do vídeo da alunissagem do módulo Antares em 1971. Os círculos brancos ajudam a identificar os pontos presentes no vídeo e na imagem realizada pelo LRO. O círculo vermelho na imagem é a parte do módulo Lunar Antares.
Comparação da Imagem do LRO de 2009 com os equipamentos da Apollo 14 e o vídeo de alunissagem realizado em 1971.

Na Decolagem do módulo Antares observem o modulo lunar na seta, logo acima no circulo branco um conjunto de 3 crateras, no alto a esquerda vocês podem ver uma imagem do filme da decolagem no "retorno para casa". No vídeo você pode ver no instante 14 segundos.
Comparação da imagem do LRO de 2009 e da decolagem do módulo Antares em 1971.

Vídeo da decolagem do módulo Antares da missão Apollo 14. 

Se você leitor ainda possui alguma dúvida sobre a promessa de Kennedy de levar o Homem a Lua e retornar em segurança, e ainda acha que tudo foi uma grande farsa conspiratória, só nos resta afirmar. Quem vive na Lua é você.

O Veículo Lunar (Lunar Rover Vehicle)

O módulo Lunar "Falcon" da missão Apollo 15 e o LRV

Seguindo os passos da teoria conspiratória já relatada, uma das alegações era a inpossibilidade de enviar um veículo lunar em um módulo devido ao seu tamanho.
Os conspiradores relatavam que o tamanho do veículo era totalmente desproporcional ao  módulo Lunar e sendo assim isto seria uma prova de que tudo foi um engodo. O que falta aos maquinadores é um mínimo de informação totalmente disponível nos diversos registros da Nasa e da Imprensa na época, bastaria alguma leitura, o que parece tem faltado a todos os autores destas futilidades.
O que faltou foi a informação de que  o Veículo era constituido de uma moldura com liga de alumínio em um chassi articulado que pudesse ser dobrado e pendurado no módulo lunar. Assim o Veículo Lunar era todo dobrado inclusive suas rodas e era encaixado externamente no módulo lunar, sendo que o seu processo de desacoplamento inclusive foi gravado em vídeo durante as missões Apollo 15, 16 e 17.

Para demonstrar o processo segue um vídeo montado a partir do material disponível no Museu da Nasa.

O LRV -  Lunar Rover Vehicle
Durante as Conferências sobre exploração Lunar em meados dos anos 60, uma das conclusões foi que para o projeto ser bem sucedido seria necessário um veículo lunar. Assim durante o programa Apollo a Nasa aprovou o projeto do LRV -  Lunar Rover Vehicle.

Ainda em 1969,  antes do vôo da Apollo 11 a Nasa lançou o desafio da construção do LRV, sendo que as empresas Boeing, Bendix, Grumman, e Chrysler apresentaram propostas. Após três meses de avaliação de propostas e negociações, a Boeing foi selecionada como a contratante principal para o LRV da Apollo.  No contrado com a Boeing o primeiro veículo seria entregue em 1971, cujo custo final do projeto foi de 38 milhões de dólares. Quatro LRV foram construídos, um para cada missões Apollo 15, 16 e 17. O outro foi  utilizado para peças de reposição após o cancelamento de outras missões Apollo.
O LRV ainda na fase de desenvolvimento

LRV 001 utilizado na missão Apollo 15

LRV de treinamento utilizado pelos tripulantes da Apollo 15 Dave Scott e Jim Irwin  no deserto do Arizona.

Tripulação da Apollo 15 David R. Scott , Alfred M. Worden e James B. Irwin. 

Tripulação da Apollo 15 David R. Scott , Alfred M. Worden e James B. Irwin. 


O LRV foi utilizado pela primeira vez em 31 de julho de 1971, durante a missão Apollo 15. o que permitiu aumentar significativamente a área de visita. Nas missões Apollo, todos os detalhes eram meticulosamente analisados. Neste post estou colocando reproduções do KIT da Imprensa que possuia todos os detalhes técnicos da missão. Um calhamaço de informações que continham o plano da missão, os locais a serem visitados, os equipamentos, enfim um detalhamento de todo o projeto.
Diagramas do LRV  contidos no Kit da Imprensa  
Diagramas do LRV  contidos no Kit da Imprensa 


O LRV foi desenvolvido em um período curto, menos de 1 ano e meio e provou ser um veículo de exploração confiável, seguro e flexível. Cada LRV possuia uma camera de TV operada remotamente o que permitiu a gravação do estagio de subida no retorno do módulo lunar. 
LRV 001 Missão Apollo 15 em testes de dobra e colocação no módulo lunar 

LRV 001 dobrado na Missão Apollo 15 

LRV 001 dobrado na Missão Apollo 15 


Características técnicas do LRV
O LRV era elétrico, projetado para as condições de vácuo e pouca gravidade, pesava cerca de 210 quilos, tinha três metros de comprimento e pouco mais de um metro de altura. A estrutura era de alumínio, tinha dois assentos dobráveis ​​feitos de tubos de alumínio com nylon. com assoalho também de alumínio. As rodas foram produzidas pela General Motors Defense Research Laboratories, media cerca de 80 cm com pneus com 23 cm de largura. Cada roda possuia seu proprio mecanismo  de  disco elétrico feito pela Delco, com motor DC com capacidade de 0,25 CV (190 W). O combustível eram duas baterias de 36 volts com capacidade de 121 amperes.
LRV 001 preso ao Módulo Lunar da Apollo 15

LRV 001 e o módulo Lunar da Apollo 15

LRV 001 dobrado junto ao módulo Lunar da Apollo 15

LRV 001 sendo acoplado ao módulo Lunar Falcon da Apollo 15

LRV 001 acoplado ao módulo Lunar Falcon da Apollo 15


O volante era um controle de mão em forma de T situado entre os dois bancos que controlava os motores de acionamento, direção e freios, inclusive com marcha a ré, acionada por interruptor e freio de estacionamento. 
Volante e painel de Comando do LRV 001

A navegação era feita por uma gravação de dados através de um giroscópio direcional e odômetro, que alimentava o computador e poderia trazer o veículo de volta ao módulo lunar.

Em cada missão o uso foi crescendo sendo que na primeira missão (Apollo 15) o LRV-001 percorreu mais de 27 quilômetros e o tempo total de uso foi pouco mais de 3 horas. No último LRV usado na Apollo 17 percorreu mais de 35 quilômetros.

Uma das curiosidades operacionais era de que a cada EVA (Atividade Extra Veicular), ou seja a cada atividade o LRV deveria ir até o ponto mais distante do módulo lunar e depois ir retornando, pois caso ocorrece algum problema eles já estariam mais próximos do Módulo Lunar.
LRV 001 em operação na missão Apollo 15

LRV 001 em operação na missão Apollo 15

LRV 001 em operação na missão Apollo 15

LRV 001 em operação na missão Apollo 15


Em 2009 a Nasa lançou o LRO (Lunar Reconnaissance Orbiter) cuja missão era orbitar a Lua, pesquisar os recursos lunares, e identificar possíveis locais de pouso. A sonda realizou  imagens de alguns equipamentos do projeto Apollo deixados na Lua. Uma delas é da Apollo 15 onde se pode identificar parte do Módulo Lunar e o LRV 001, no canto a direita.

Fotos do post: Arquivos do projeto Apollo - NASA

Cameras Hasselblad e filmes Kodak: as imagens da Lua.

Primeira foto tirada na Lua por Neil Armstrong em 20 de julho de 1969

Existem três formas de conduzir o calor, a condução térmica que consiste na transferência de energia entre partículas do material, a convecção que ocorre em fluidos em geral em decorrente da diferença de densidade entre as partes do sistema e a irradiação térmica ocorre com raios.  É dessa forma que o Sol aquece a Terra. Das formas de condução de calor a irradiação não necessita de material para propagar e ocorre inclusive no vácuo.

Segundo as teorias conspiratórias que citei no post passado, algumas pessoas afirmam, que a variação de temperatura na superfície lunar de menos 140 a mais 150 graus centígrados não permite que um filme fotográfico resista a esta variação de temperatura. A teoria conspiratória ainda afirma que após mais de quarenta anos, este filme ainda não chegou ao mercado e só faltou afirmar que por esta razão a Kodak entrou em falência.

O argumento da explicação para esta "teoria conspiratória", basta perguntar para um aluno de Física do Ensino Médio como ocorre a propagação do calor. A resposta é tão simples ao ponto de levar a crer que os "conspiradores" precisam voltar para os bancos escolares do Ensino fundamental ou nunca deveriam os ter deixado. 

O calor na lua é transmitido por Irradiação, assim bastava proteger a câmera com uma superfície refletiva, alias isto foi feito em todos os equipamentos. Demais formas de propagação não ocorrem no vácuo.

Uma coisa que nós mineiros conhecemos bem. Quem nunca encontrou uma senhora nas ruas de nossa cidade ostentando uma sombrinha impedindo que a irradiação solar aqueça a cabeça. E assim ponto final para a elucidação do “grande mistério”. 

A temperatura geralmente na  Lua é a temperatura à superfície. Em um ambiente de vácuo não há portanto propagação (condução), a temperatura superficial é irrelevante para a câmera. No vácuo do espaço, a principal fonte de calor radiante é o calor solar, e você pode proteger contra tornando a superfície exterior refletiva. Verifique as câmeras Hasselblad usadas Apollo. Eles possuíam invólucros exteriores refletivos. Simples e prático.

Camera Hasselblad 500El utilizada na Apollo 11. Fonte: arquivo Nasa.

Vários modelos diferentes de câmeras Hasselblad foram levados para o espaço, tudo especialmente modificado para a tarefa. As câmeras Hasselblad foram selecionados pela NASA por causa de suas lentes intercambiáveis.  As modificações foram feitas para permitir a facilidade de uso em condições inóspitas.
Buzz Aldrin utilizando em treinamento uma Câmera 500El

A Hasselblad 500C, com uma lente de 80 milímetros planar (modificada), foi a primeira câmara Hasselblad  a ser utilizada pela Nasa.


Hasselblad EDC (Electric Data Camera), versão especialmente concebidos  a partir de uma  500EL motorizada destinada a ser utilizada na superfície da Lua, onde as primeiras imagens lunares foram feitas em 20 de Julho 1969 por Neil Armstrong. A câmara está equipada com uma lente Biogon especialmente concebido com uma distância focal de 60 mm, com um filtro de polarização montado sobre a lente. Uma placa de vidro, provida de cruzes de referência que são registrados sobre a película durante a exposição, está em contacto com a película, e destes cruzamentos pode ser visto em todas as fotografias da lua.

 Modificações dos técnicos da NASA foram refinadas e incorporados aos novos modelos da Hasselblad. Por exemplo, o desenvolvimento de uma lente de 70 milímetros foi realizada para atender ao programa espacial.

As câmeras Hasselblad modelo 500c começaram a ser usadas no projeto Projeto Mercury e posteriormente no Gemini. Câmeras EL foram utilizados na Apollo 8. 

Três câmeras 500EL foram utilizadas na Apollo 11. A camera utilizada na superfície da lua foi uma Hasselblad EDC com com uma lente especial 5.6 Zeiss.  Todas as missões da NASA seguintes também tinham câmeras Hasselblad a bordo. O equipamento fotográfico e filmes utilizados nos cinco vôos subseqüentes eram semelhantes à que foi  usado na Apollo 11. Por causa da necessária redução do peso as câmeras foram deixadas na superfície da Lua, retornando os magazines de filme. Doze Hasselblads permanecem na superfície lunar até hoje. 
Magazines de filmes de câmeras usadas na superfície da Lua na Apollo 11. Fonte: Arquivos da Nasa.

Magazines de filmes de câmeras usadas na superfície da Lua na Apollo 11. Fonte: Arquivos da Nasa.



 Hasselblad 500EL/M série "20 anos no espaço" edição de aniversário com a lente de 70mm, semelhante a utilizada no programa Apollo.

Os Lunáticos na Terra


A nossa capacidade intelectual é fruto da experimentação, porém o que mais se destaca na mente humana é nossa enorme capacidade de compreensão e dedução. Algumas pessoas buscam o contraditório por fama, egocentrismo ou outros ismos que nem poderia citar.

O mais impressionante é que fundamentos rudimentares do conhecimento da ciência  simplesmente são desprezados em prol de uma "teoria conspiratória", ou uma percepção tacanha que recusa-se a deduzir o óbvio.

Um dos assuntos que palpitam a internet são as viagens espaciais. Eu mesmo participo um fórum de discussão, o Cosmofórum, e um dos tópicos mais comentados e discutidos é a ida do Homem a Lua. 

As teorias conspiratórias praticamente eram inócuas, pois quase sempre advieram de pessoas sem formação acadêmica ou com conhecimento primitivo da Ciência. No ano de 2001 porém, o canal FOX exibiu um documentário que se chamava “Teoria da Conspiração: Nós fomos à Lua?” que apresentou diversas opiniões de pessoas que acreditavam que o Homem jamais havia ido a Lua. Os comentários eram na maioria das vezes vagos sem carácter científico. As evidências iam desde movimentos de bandeiras, passando por resistências a temperaturas, fotografias duvidosas entre outras chegando ao ponto de acusar a Nasa de assassinar três astronautas que recusaram a participar da farsa.

O canal vem reprisando o episódio, sendo facilmente encontrado na internet. Na internet também você encontra diversos sites preocupados em rebater todas as afirmações e como são bastante frágeis as afirmações, facilmente a teoria conspiratória cai por Terra e bem longe da Lua. O próprio canal Discovery, através do programa MythBusters, colocou a prova a teoria conspiratória de forma mais divertida o que uma parte pode ser conferida no link abaixo.


A proposta do Blog não é repetir todas as contraprovas pois nem merecem o tempo perdido, porem algumas curiosidades sobre o programa Apollo merecem o destaque, assim nos próximos posts irei colocar os textos que escrevi ao Cosmofórum que guardam por lado um interesse científico mas também um interesse histórico de um dos momentos mais marcantes da corrida espacial. 


Buzz Aldrin


Buzz Aldrin 

Este é o nome do segundo astronauta a pisar na Lua. Este artigo surgiu de uma pequena provocação feita no trabalho sobre: "Quem foi o segundo astronauta a pisar na Lua?”, onde a afirmação colocava um certo demérito ao fato de Buzz ter sido o segundo e não o primeiro homem a pisar na Lua, e condenando-o ao ostracismo.

A minha geração, creio eu, possui um verdadeiro fascínio pelo projeto Apollo. Os garotos dos anos 70 todos queriam ser “astronautas”, mas com certo pesar esta geração foi substituída por outra que também possui seus méritos, mas não custa relembrar aqueles momentos dourados.

No dia 25 de maio de 1961 o então presidente americano John Fitzgerald Kennedy fez um discurso no Congresso tomando a decisão de que o homem deveria ir a Lua. Ele disse: 

“Acredito que devemos ir à Lua. Em primeiro lugar, acredito que esta nação deve dar tudo para atingir o objetivo, antes desta década acabar, de pousar um homem na Lua e retorná-lo com segurança à Terra. Temos que liderar em termos espaciais. O conhecimento espacial pode ser a chave para o nosso futuro na Terra.”

Presidente John F. Kennedy em seu discurso no congresso em 25 de maio de 1961. Fonte: Museu da Nasa.

Abstraindo do momento histórico que os Estados Unidos viviam, em plena guerra fria, o fato é: em pouco mais de 8 anos a promessa foi cumprida.
O projeto como um todo foi dividido em Etapas, primeiro o projeto Mercury cujo objetivo era desenvolver uma espaçonave e colocar o homem em orbita terrestre. O segundo projeto foi o Gemini cujo objetivo era colocar dois tripulantes no espaço e estudar o comportamento dos astronautas e o terceiro projeto o Apollo cuja missão era levar o Homem a Lua.

Abro aqui um parênteses, o projeto espacial despertou o interesse em diversas áreas, para os leitores deste artigo e que não me conhecem, sou professor de Fisiologia Humana na FESP e nossa grande referencia na Fisiologia chama-se prof. Arthur Guyton, talvez o mais renomado autor de Fisiologia Humana e que todos os meus alunos conhecem do livro didático utilizado na FESP. Pois bem o Prof. Arthur Guyton foi o consultor da Nasa para estudar o comportamento do homem em ambiente espacial, e faço o convite, leiam o livro Tratado de Fisiologia Médica em especial o capítulo Fisiologia de Aviação, altas altitudes e Espacial.

Voltando ao Projeto Apollo, gostaria de em outra oportunidade escrever sobre o mesmo, mas faço aqui um convite a conhecer um pouco mais sobre o segundo homem a pisar na lua.

Buzz Aldrin, cujo nome completo é Edwin Eugene Aldrin Jr. Nasceu em janeiro de 1930, sempre foi conhecido pelo seu jeito mais extrovertido e bastante diferente de seus colegas. Neil Armstrong foi o comandante da Apollo 11 e o primeiro homem a pisar na lua e era muito reservado. Michael Collins foi o piloto do módulo de comando e não desceu a lua pois no projeto o módulo de comando permanecia em orbita lunar e o módulo lunar é que descia a superfície da Lua.

Pois bem após o vôo Lunar Aldrin deixou a NASA, voltou para a Força Aérea dos Estados Unidos e passou a viajar pelo mundo realizando palestras, promovendo a exploração espacial. Conhecido como muito extrovertido, inteligente mas de pavio curto escreveu um livro autobiográfico onde relata um pouco daquele momento histórico e os eventos depois do projeto Apollo.
Em sua autobiografia ele relata que depois de deixar a NASA teve problemas com depressão e alcoolismo levando inclusive a sua aposentadoria. 
Nos diversos relatos dos astronautas do projeto Apollo deixa-se transparecer o espírito altamente competitivo que existiam entre as equipes, e que Aldrin relata em suas entrevistas a dificuldade em conviver com o fato de não ser o comandante do voo Apollo 11, e até o fato de sua posição no módulo lunar não permitisse sair em primeiro e pisa-se na Lua. Em algumas das entrevistas ela relata que tentou modificar os lugares no módulo lunar de forma que ele fosse o primeiro homem a descer do módulo e pisa-se na Lua.

Então é justa uma pequena homenagem ao “Segundo Homem a pisar na Lua”, que pouco importa no projeto Apollo. O fato é que sem a sua presença o módulo lunar “Eagle” da Apollo 11 não teria descido a lua em 20 de julho de 1969.

Fotos: Arquivos históricos da Nasa.

Insígnia do Projeto Apollo


Tripulação da Apollo 11, Neil Armstrong, Michael Collins e Buzz Aldrin.


Buzz Aldrin em treinamento


Buzz Aldrin em Treinamento com uma câmera Hasselblad


 
Foguete Saturno V, o mais potente produzido até os dias de hoje.


 
Lançamento do Saturno V


Lançamento do Saturno V - Apollo 11


Foto do módulo de comando


Descida de Buzz Aldrin no módulo Lunar ao pisar na lua.


Buzz Aldrin caminha ao lado do módulo lunar.


Buzz Aldrin faz sua caminhada em solo Lunar.


Buzz Aldrin prepara os experimentos na Lua.

A foto célebre do cumprimento a Bandeira, que fez História. A foto foi feita por Armstrong mas quem esta nela é Buzz Aldrin.

Buzz Aldrin retorna ao módulo lunar.


Buzz Aldrin  na visita ao Brasil em 2009. Foto de Rodolfo Lins.