O Papa na Terra e Galileu no Céu


No dia 12 de março de 2000 como parte da observância do Jubileu 2000, o Papa João Paulo II pediu perdão ao Senhor pelos pecados dos filhos da Igreja e filhas durante uma missa especial A confissão dos pecados e pedir perdão, sob a forma de uma oração solene dos fiéis , ocorreu após a homilia. Houve uma confissão de pecados por categorias de representantes da Cúria Romana, seguido por uma oração do Papa. No texto abaixo segue uma parte da homilia aqui transcrita a sua tradução.


A Igreja sente a necessidade de purificar a memória
Antes de Cristo, que, por amor, tomou sobre si a nossa culpa, somos todos convidados a fazer um profundo exame de consciência. Um dos elementos característicos do Grande Jubileu é o que eu descrevi como a purificação da memória. Como Sucessor de Pedro, pedi que neste ano de misericórdia a Igreja, fortalecida pela santidade que recebe do seu Senhor, se ajoelhe diante de Deus e implore o perdão para os pecados passados ​​e presentes dos seus filhos e filhas. Hoje, o primeiro domingo da Quaresma, pareceu-me a ocasião certa para a Igreja, reunida espiritualmente à volta do Sucessor de Pedro, para implorar o perdão divino pelos pecados de todos os crentes. Vamos perdoar e pedir perdão!
Este apelo suscitou uma reflexão profunda e frutífera, o que levou à publicação a vários dias atrás, um documento da Comissão Teológica Internacional, intitulado:  Memória e Reconciliação: A Igreja e as culpas do passado. Agradeço a todos que ajudaram a preparar este texto. É muito útil para uma correta compreensão e realização do autêntico pedido de perdão, com base na responsabilidade objetiva que compartilham os cristãos como membros do Corpo Místico, e impele os fiéis de hoje a reconhecer, juntamente com os seus próprios pecados, os pecados dos cristãos de ontem , à luz do discernimento histórico e teológico. De fato, por causa do vínculo que nos une uns aos outros no corpo místico, todos nós, embora não tendo responsabilidade pessoal e sem nos substituirmos ao juízo de Deus, que conhece os corações, suportar o peso dos erros e falhas daqueles que foram antes de nós. O reconhecimento dos erros do passado serve para despertar as nossas consciências para os compromissos do presente, abrindo o caminho para a conversão para todos.


A partir das Observações de Galileu Galilei em 1609, foi escrito o livro: O mensageiro das estrelas ”Sidereus Nuncius”, onde ela relata sobre suas descobertas, entre elas as montanhas da Lua e principalmente as luas de Júpiter que orbitavam o planeta.

As conclusões de Galileu, decorrente de suas observações, eram de suma importância, e uma delas era que a Terra movia em órbita semelhante aos outros corpos celestes, afinal alguns planetas como Vênus possuíam fases como a Lua, Júpiter possuía Luas em órbitas, a Lua era montanhosa,  portanto era de se esperar que as teorias de Aristóteles e Ptolomeu  aceitas a época eram pelo menos contraditórias. As principais contradições diziam respeito a superfície da Lua que acreditava-se ser lisa e a principal controvérsia, a teoria Geocêntrica onde a Terra era o centro do Universo.

Por parte da igreja Católica, após a publicação de Sidereus Nuncius, Galileu apresentou suas observações a parte do corpo religioso que se dedicava Astronomia repetindo suas observações inclusive com a utilização de telescópios.

Em 1611, Galileu visitou o Collegium Romanum, onde apresenta suas ideias frente a Astrônomos Jesuítas, encontrando inclusive simpatia por suas ideias. Porém alguns astrônomos recusaram inclusive a olhar por um telescópio para verificar as suas observações.


Galileu frente ao Santo Ofício, pintura do Século 19 de Joseph-Nicolas Robert-Fleury

Uma das cartas destinadas a Kepler Galileu relata.... “Penso que nos iremos rir com a extraordinária estupidez das multidões. O que dirás dos principais filósofos da universidade de Pisa, a quem eu ofereci, milhares de vezes e por minha vontade, mostrar os meus estudos, mas que […] nunca consentiram em olhar para os planetas, nem para a Lua, nem para um telescópio? De fato, tal como as serpentes fecham as suas orelhas, também estes homens fecham os seus olhos à luz da verdade”.


Galileu possuía evidências em favor da teoria heliocêntrica, e difundia suas ideias ao ponto de chamar a atenção da Inquisição, que após um longo processo e analise do livro de Galileu sobre as manchas solares, é advertido pelo Cardel Bellarmino e através da sentença do Santo Ofício em 1616, é proibido de difundir ideias heliocêntricas.

Em 1623 o Cardeal Maffeo Barberini,  foi eleito Papa e assumiu com o nome de Urbano VIII, e após algumas audiências foi autorizado a escrever sobre a teoria de Copérnico sob a forma de um tratado matemático.

Em 1632, Galileu  termina o seu livro “O diálogo sobre os dois principais sistemas do mundo” (Dialogo sopra i due massimi sistemi del mondo) onde utiliza três personagens. scrito sob a forma de um diálogo entre três personagens (Simplício, Sagredo e Salviati), foi um trabalho de enorme sucesso na época, sendo que a Igreja Católica reagiu de forma radical colocando o seu trabalho entre os livros proibidos em 1633.
Diálogo sobre os Dois Sistemas do mundo - 1632.

O livro envolve a refutação do modelo de Aristóteles e Ptolomeu em favor do sistema de Copérnico  chamado de Heliocentrismo, onde o Sol é o centro do Sistema. No Diálogo, Galileu refuta as objeções contra o movimento diário e anual da Terra, e mostra como o sistema de Copérnico explica os fenômenos celestes, principalmente as fases de Vênus. O livro é escrito em italiano, e tem mais o caráter de uma obra pedagógico-filosófica do que estritamente científica.
O Papa Urbano VIII havia sido fortemente pressionado por Cardeais Espanhóis de ser tolerante com Hereges e acusado de apoiar Galileu no Livro “O Diálogo” encaminha o caso de Galileu para a Inquisição para ser Julgado por Heresia e sua sentença em 1633 era constituída de três partes.
Galileu frente a Inquisição. Quadro do século 19 de Cristiano Banti.

Galileu cometera Heresia ao afirmar que o Sol está imóvel no centro do universo, que a Terra não está no seu centro e se move, e que tal opinião era contrária à Sagrada Escritura. Ele foi obrigado a "repudiar, amaldiçoar, e detestar" tais  opiniões.


Galileu foi condenado à prisão formal sendo comutada para prisão domiciliar, para o resto de sua vida.


Galileu teve todas as suas publicações proibidas mesmo aquelas que no futuro viesse a escrever.


Galileu faleceu em 8 de janeiro de 1642 em Arcetri, e está enterrado na Igreja da Santa Cruz, em Florença. Apenas em 1822 foram retiradas do Índice de livros proibidos as obras de Copérnico, Kepler e Galileu, e em 1980, o Papa João Paulo II ordenou um re-exame do processo contra Galileu, o que eliminou os últimos vestígios de resistência por parte da igreja Católica, culminando com o último passo a Homilia do Dia do Perdão em Massa em 12 de Março de 2000.

Túmulo de Galileu em Florença - Itália.

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